CASA ARCO A SÃO MAMEDE
2019
LISBOA
ÁREA / COZINHA E SALA DE JANTAR
FOTOGRAFIA / DO MAL O MENOS
O apartamento alvo de intervenção situa-se num edifício do século XIX, localizado no Príncipe Real, sendo caracterizado pela estrutura em tabique, tectos trabalhados, azulejos e pavimentos originais. O foco do projecto incidiu sobretudo na cozinha, apesar do apartamento ter sido todo pintado, portas e portadas recuperadas, bem como o pavimento.
A cozinha apresentava uma organização com uma bancada de parede a parede, um fogão de dimensão generosa situado por baixo da chaminé, na parede oposta, e um frigorífico solto entre estas duas zonas de confecção, sendo que no meio se encontrava uma mesa de refeições.
O projecto teve um conceito bastante contemporâneo, contrapondo-se à estética original do apartamento, criando um contraste que ao mesmo tempo se compatibiliza com o existente, introduzindo uma nova organização e dimensão espacial, assim como novos materiais.
O conceito baseou-se na criação de uma linha marcante no pavimento, através da diferença de cores e texturas que se prolongou para os elementos que compõem a cozinha. Neste sentido, foram utilizados dois cerâmicos com cores e texturas diferentes, marcando a largura da chaminé e forno/fogão existentes, prolongando-se até à parede oposta. Nesta linha e no meio da cozinha, surge uma ilha em "corian" que contém o lava-loiças, zona de confecção e zona de refeição, com duas prateleiras em ferro preto suspensas por cima. Esta linha culmina numa garrafeira em ferro preto suspensa também ela suspensa.
Na parede perpendicular situam-se os armários altos com frigorífico, vinoteca, microondas e armários despenseiros. Junto às janelas, na mais próxima à chaminé surge um banco em madeira que contém arrumação, sendo que a parede entre as duas janelas possui um nicho também em madeira para arrumação. A cozinha tem também duas despensas (situadas em dois nichos originais) fechadas por portas lacadas a branco.
A iluminação é feita através de uma calha preta com projectores e uma régua de luz vertical junto aos armários altos, conjugada com apliques pontuais.
CASA GAGO COUTINHO
2018
LISBOA
ÁREA / 95M2
FOTOGRAFIA / DO MAL O MENOS
O apartamento de rés do chão apresentava já algumas alterações, com especial enfoque na cozinha que tinha sido toda reabilitada. Contudo, existia o desejo de prolongar a sala de estar, criando uma zona de jantar que tivesse alguma ligação à cozinha, bem como a transformação das instalações sanitárias através de um desenho mais contemporâneo.
As grandes premissas deste projecto passaram pela anulação do corredor existente que ligava o hall aos dois quartos secundários, conseguindo-se o prolongamento da sala, através da demolição da parede que formava o corredor e ainda a ligação com a cozinha, através da abertura de um vão. A instalação sanitária que serve estes dois quartos foi desenhada com um traço mais juvenil e pitoresco, uma vez que será usado pelas crianças.
No quarto principal, suite, modificou-se totalmente a instalação sanitária, recorrendo-se sobretudo a carpintaria que “emoldurando” a janela existente, criou uma pequena bancada de apoio onde encaixa o lavatório e uma grande bancada com arrumação.
A carpintaria é muito marcante neste projecto e a sua presença é logo notada quando se entra no apartamento. O hall / corredor que outrora funcionava simplesmente como circulação, ganhou função, plasticidade e conferiu uma nova estética ao espaço e à sua relação com os restantes espaços que dele derivam. Com um único gesto criou-se uma sapateira um bengaleiro e uma zona de arrumos. Por outro lado, esta peça divide o hall da sala de estar, tendo repercussões nesta última, uma vez que o seu negativo cria uma estante e iluminação para a zona de estar.
As peças desenhadas em madeira são o gesto unificador e organizador de espaço deste apartamento, conferindo uma qualidade única aos espaços e esteticamente marcante.